As mulheres
são mais sensíveis ao tabaco e porque aumentou o número de fumantes, os casos
de câncer do pulmão também vão subir, alerta o coordenador do Programa Nacional
de Doenças Oncológicas.
Nuno
Miranda diz também que se nos homens se espera que a mortalidade e ocorrência
de câncer do pulmão se mantenha estável, nas mulheres "é uma ilusão"
pensar que não vai haver uma subida, pelo que é preciso "tomar
medidas".
Numa altura
em que se assinala o Dia do Não Fumante (tradicionalmente a 17 de Novembro) em
Portugal as notícias não são tão más, dando conta de que há uma tendência para
aumentar as pessoas que deixam de fumar, centrada especialmente nos homens,
embora tenha aumentado o número de mulheres fumantes e também o número de
jovens.
Dentro de
três dias o Governo vai apresentar os números mais recentes sobre o tabagismo e
está moderadamente satisfeito. É verdade que há um grupo de jovens (15 a 19
anos) com uma elevada taxa de prevalência (rondando os 30 por cento) mas a taxa
nacional global está abaixo dos 20 por cento, pelo que diz o Governo, "uma
estrondosa maioria dos portugueses não fuma".
No próximo
ano será publicada nova legislação, mais restritiva mas que deixa de lado
propostas como a proibição de fumar dentro de carros particulares quando
transportando crianças, ou de fumar perto de restaurantes ou parques infantis,
porque "há que ter bom senso", como disse o secretário de Estado
adjunto do ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa.
Se os dados
indicam que em Portugal se fuma menos do que na média da União Europeia, é
também verdade que há estudos que falam que a partir dos 13 anos um terço dos
jovens indicou ter fumado nos últimos 30 dias, segundo números citados pela
directora do Programa Nacional de Prevenção do Tabagismo, Emília Nunes.
Olhando
para os gráficos da última década, há em termos gerais uma diminuição de
consumo, mas entre 2006 e 2011 o consumo de tabaco aumentou entre os jovens. Em
declarações à Lusa Emília Nunes pede no entanto cautela com as estatísticas,
porque são diferentes consoante as variáveis utilizadas.
José
Calheiros, do Instituto Ricardo Jorge, também pede "cuidado" com as
taxas sobre o consumo de tabaco e prefere salientar as "tendências":
nos homens há uma diminuição de fumantes e o número de mulheres que fumam é
idêntico ao dos homens (tradicionalmente era menor).
Ana Maria
Figueiredo, coordenadora da comissão do tabagismo na Sociedade Portuguesa de
Pneumologia, acrescenta, em declarações à Lusa: "o grande problema é a
prevenção, porque há muitos jovens a começar a fumar, embora não hajam dados
concretos".
Para a
responsável "a única hipótese é campanhas de prevenção maciças",
porque a idade média de início do hábito é os 14-15 anos e tem de haver
campanhas governamentais.
E não são
nunca ataques aos fumantes mas sim protecção aos não fumantes, a esmagadora
maioria, diz a especialista. Acrescenta Nuno Miranda: o tabaco não pode ser
visto como um elemento de moda ou de afirmação social mas considerado aquilo
que ele é, uma toxicodependência.
Numa
conferência internacional sobre prevenção do tabagismo, que terminou em Lisboa
na sexta-feira, o responsável deixou avisos sérios: vai haver um aumento
significativo da mortalidade nas mulheres; o peso do câncer no sistema de saúde
é crescente e significativo; 11,6 por cento das internações hospitalares são
devidas a doenças oncológicas; nos próximos anos a história do câncer do pulmão
é assustadora; 87 por cento das mortes por câncer de pulmão são provocadas por
tabaco.
Segundo a
OMS morrem por dia 10 mil pessoas devido ao tabaco. São 416 por hora, o que
equivale a dizer que no tempo que se levou a ler este texto (dois minutos)
morreram 14 pessoas por causa do tabaco.
E Portugal
tem as suas culpas. No seminário, Nuno Miranda contou aos congressistas que na
segunda metade do século XVI, veio a Portugal o embaixador francês Jean Nicot,
para negociar o casamento de D. Sebastião. As negociações falharam mas Jean
Nicot conheceu o historiador Damião de Góis, que lhe apresentou o tabaco.
Fascinado, convencido de que tinha propriedades curativas, Nicot enviou-o à
rainha Catarina de Médici.
Mais de 450
anos depois é objectivo do Governo português, a médio prazo, reduzir em dois
por cento o uso do tabaco a partir dos 15 anos.Fonte: Sapo.pt
Tadeu Araújo Faria
Coordenador Assessoria Católica de Fé e Política
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