domingo, 14 de outubro de 2012

Família: desencontros e resgates


Família: desencontros e resgates 
Jornal do Brasil
Roberto P. Coelho* 


Há muitas famílias que não têm noção da vida sem limites de seus filhos. Algumas acreditam que as drogas, cujo contato é inevitável (bastando apenas, em alguns casos, o cuidado para esse contato ser apenas adiado), fazem parte do amadurecimento dos jovens e que uns experimentam como se fosse um direito, está cada vez mais incorporado como parte natural da vida. O significado do que seja bem e mal está cada vez mais relativizado nos dias de hoje em nossa sociedade, e muitos pais perderam o poder de guiar e orientar seus filhos, especialmente na idade em que os mesmos não têm condições ou competência para fazê-lo com clareza e sem riscos na sua integridade.

Assistimos, então, a uma geração de pais que obedece a seus filhos e que, para não perderem o “amor” dos mesmos, não os contrariam, sem saber que com essa atitude não somente perdem o amor mas o respeito, por manifestarem tanta debilidade no exercício da autoridade que precisariam exercer. Como os filhos podem  aprender a confiar em pais que não sabem exercer o papel de pais, mas apenas se tornam amiguinhos e/ou boas praças de seus pupilos?

Sem conhecimento, sem compreensão, sem discernimento, sem firmeza, muitos pais, tão perdidos quanto seus filhos ( e para poupá-los dos riscos da violência fora de casa), dão sinal verde para que usem  e/ou compartilhem drogas como fossem parte do cardápio rotineiro da família.

Abdicaram, com isso, da capacidade de ensinar a refletir, dar orientação, se construir limites protetores, tornando-se tão violentos com a permissividade e atolados no medo de enfrentar os próprios filhos.  Há pais que cederam tanto, confundindo liberdade com irresponsabilidade, medo com amor, que deixaram a droga ocupar o lugar que a eles cabia na vida de seus filhos. Quando não temos consciência de qual o nosso lugar na construção de valores  na vida de nossos filhos, quando não conseguimos ser amorosamente atentos, amorosamente envolvidos, amorosamente interessados, quando não conseguimos construir pontes para o sentimento de pertença, no qual o jovem consegue identificar a importância de sua presença  na família, em sua comunidade e no mundo, tornamo-nos facilitadores de um vazio na comunicação que vai ser preenchido pelo ruído do não dito, não dialogado, não ouvido.
 
Confusos, magoados, perplexos, perdidos, com o menosprezo, a distância, a desonestidade dos filhos, a quem respeitaram o direito de usar o que quisessem, muitos pais se perguntam o que dizer e o que fazer agora com o descaso e o egocentrismo dos filhos. Como não podemos mudar o passado e tampouco se torna útil e proveitoso mergulhar em auto condenação sobre aquilo que não se consegue enxergar lá atrás, quando se agia como facilitadores, é necessário olhar o presente com o desejo sincero de  alterar a velha  concepção sobre a vida que vivemos. Uma mudança que começa na forma como encaramos a nós mesmos e que vai mudar a forma como nos relacionamos com os outros, especialmente os filhos. Leva tempo, dá trabalho, exige paciência, exige boa vontade, honestidade, mente aberta, fé e muito amor.

Quem não estiver disposto a dizer não na hora em que o não se faz necessário ainda não está preparado para ser pai e/ou mãe. É bom não lamentarmos os filhos que de alguma forma nos decepcionam com suas escolhas, descaminhos e destino. Podemos aprender com eles que pais se constroem, não nascem prontos, e que é sempre hora de aprender a corrigir o curso de nossa comunicação com o outro. É sempre hora de pedir e aceitar ajuda. Descobriremos, então, perplexos, mas não perdidos como antes, que há muito que fazer, viver, compreender, muito pouco tempo para lamentar.

*Roberto P. Coelho, psicólogo, é ouvidor da Coordenadoria Especial da Promoção da Política Pública de Prevenção à Dependência Química da Prefeitura do Rio

RIO NA PREVENÇÃO
JUVENTUDE SADIA NÃO PRECISA DE DROGAS PARA VIVER
CEPDQ - Coordenadoria de Prevenção à Dependência Química
da Prefeitura RJ_Tel.:(21) 2976-7453_2976_7454

Centros de Referência da Assistência Social

 No município
No município, também existem outros centros de internação. No Rio Comprido, na Zona Norte, há um centro exclusivo para mulheres acima de 18 anos. Ao todo, são 78 vagas.
Os locais para quem quiser buscar tratamento de desintoxicação são os Centros de Referência da Assistência Social (CRAs) e os Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAs). Outras informações pelo telefone 3973-3800.

Confira abaixo os centros de tratamento do município:

- CAPS AD Mané Garrincha - Av. Professor Manuel de Abreu, 196 - Maracanã

- CAPS AD Raul Seixas - Rua Dois de Fevereiro, 785 - Encantado

- CAPSi Maria Clara Machado - Rua Gomes Serpa, 49 - Piedade

- CAPSi Eliza Santos - Rua Sampaio Corrêa, s/n -Taquara

- CAPSi Pequeno Hans - Rua Dirceu, 42 Fundos - Sulacap

- CAPSi João de Barro - Rua Aricuri, 267, Jardim Luz - Campo Grande

Quem tiver dúvidas pode ligar para o telessaúde, no número 3523-4025.

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