Vício do crack faz aumentar nº de recém-nascidos abandonados no RJ
Jornal Nacional
Hoje em dia, no Rio de Janeiro, a maioria das crianças que podem ser adotadas foi abandonada por pais viciados.
Hoje em dia, no Rio de Janeiro, a maioria das crianças que podem ser adotadas foi abandonada por pais viciados.
O vício do crack fez aumentar o número de crianças e recém-nascidos
abandonados no Rio de Janeiro. Muitos chegam aos abrigos logo depois do parto.
Eles foram e voltaram. Nesta quinta, usuários de crack fumavam a pedra à
luz do dia na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio.No mesmo lugar, o cenário era bem
diferente.
Uma operação para acolher dependentes da droga deu início a um
corre-corre. Dezenas de viciados começaram a fugir, atravessando loucamente a
Avenida Brasil, uma das mais movimentadas do país. Um homem se arrisca,
passando a poucos centímetros dos carros. Eles ainda ficaram horas perambulando
e cruzando a pista. Mesmo assim, 47 adultos foram recolhidos. Mas, nesta
quinta, 32 já tinham deixado o abrigo.
A Secretaria Municipal de Assistência Social do Rio estima que,
atualmente, três mil pessoas frequentem as nove cracolândias que se espalham
pela cidade. Desde março do ano passado, mais de cinco mil dependentes químicos
foram recolhidos, mas a secretaria diz que a missão não é fácil, porque 90%
voltam para as ruas.
Segundo os especialistas, nas cracolândias se propagam o HIV, a sífilis
e a tuberculose. “Morando na cracolândia, temos mulheres adultas grávidas que
têm filho de nove em nove meses, que não sabe quem é o pai em razão de
prostituição, em razão da degradação total do local”, diz Mônica Labuto, juíza
da infância e da juventude.
As maiores vítimas do crack nunca consumiram a droga. Hoje em dia, no
Rio de Janeiro, a maioria das crianças que podem ser adotadas foi abandonada
por pais viciados. Quando a mãe consome crack durante a gravidez, o filho já
nasce sentindo falta da droga no corpo. São comuns as crises de abstinência já
nos primeiros meses de vida. Nos abrigos, as crianças precisam de atenção
especial.
“Eles têm convulsão, tremores e sudorese, e ficam muito agitadas, não
conseguem dormir direito. É um quadro muito complicado”, afirma Cleonice
Cardoso dos Santos, coordenadora de abrigo.
É um mal que assusta duplamente: quando se espalha nas ruas e quando se
prolonga no tempo.
A prefeitura do Rio já anunciou que vai adotar a internação involuntária
de viciados em crack para tratamento. O projeto está em fase de planejamento e
deve ser posto em prática no início do ano que vem
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