Rio - Como um bom samaritano, o padre Renato
Chiera, de 70 anos, há dois anos percorre cracolândias do Rio e da Baixada
Fluminense com um grupo de voluntários para salvar usuários de crack. Fundador
da Casa do Menor São Miguel Arcanjo, em Nova Iguaçu — onde há quase três
décadas se dedica à proteção de crianças e adolescentes em situação de risco —,
Chiera se orgulha de já ter afastado pelo menos 30 menores do vício do crack em
24 meses.
Jovens de até 18 anos são acolhidos em abrigos vinculados à
Casa do Menor. “Se tivéssemos salvado uma vida, estaríamos felizes. Trinta,
então…”, diz o padre, orgulhoso.
Na semana passada, ele denunciou,
através de carta, à ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência
da República, Maria do Rosário, e numa entrevista à Rádio Vaticano, transmitida
para diversos países, “a forma equivocada” com que a Prefeitura do Rio vem
acolhendo crianças, jovens e adultos usuários de crack para internação
compulsória (contra a vontade do dependente).
“Nós agimos com amor, sem repressão. O que o governo
municipal tem feito é desumano. Estão varrendo seres humanos como lixo”,
desabafou, Chiera, que pretende ainda levar o assunto ao papa Francisco, que
virá ao Brasil em julho, na Jornada Mundial da Juventude.
Chiera disse ter ficado “horrorizado”
ao acompanhar uma ação de acolhimento compulsório da Prefeitura no dia 19 de
fevereiro. “Foram cenas degradantes. Vi agentes usando até cordas para que os
pobres usuários, já bastante debilitados, tropeçassem e fossem pegos. Estão
apenas expulsando os viciados de certos locais. Eles acabam se fixando em
outros pontos. Não existem leitos suficientes, metodologia de tratamento e,
muito menos, transparência sobre o que estão fazendo com esses doentes”,
critica Chiera.
Críticas à falta de locais para tratamento
Em carta enviada à Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB), o padre Renato Chiera pede ajuda. “Não conseguimos
livrar mais pessoas do vício por falta de espaços para internações e que
estendam também o tratamento para as famílias”, explica.
O padre criticou a ação da Prefeitura
no mês passado, quando foram feitos 99 acolhimentos — 91 adultos e oito
crianças e adolescentes — na cracolândia da Avenida Brasil, altura do Parque
União, no Complexo do Maré.
Segundo ele, boa parte dos usuários
voltou ao local no dia seguinte à ação. “Sem amor, sem carinho, sem uma
estrutura de saúde confiável para um tratamento de médio a longo prazo, não em
15 dias, a situação só tende a piorar”, prevê o padre.
Mutirão entre integrantes de igrejas
Padre Chiera propõe um mutirão de
acolhimento e tratamento de viciados entre integrantes de igrejas católicas e
evangélicas. “As igrejas são as únicas instituições com capacidade de agir sem
agredir, humilhar. A violência e a falta de tratamento adequado só fazem
aumentar os cemitérios de vivos. Nossa presença precisa aumentar, de forma
silenciosa e sem armas”, adverte.
Segundo Chiera, a proposta é que as
denominações religiosas se unam em massa para a criação de espaços para o
tratamento de dependentes químicos, especialmente o crack.
Aprendizado com viciados
Entre as muitas visitas a cracolândias,
Chiera conta que ele e sua equipe colecionaram histórias incríveis. “Nós
aprendemos muito com eles (viciados). Dizem que vivem em grupos para se ajudarem.
Quando a gente chega, às vezes, sem levar comida, eles abrem os braços e os
sorrisos do mesmo jeito e dizem: ‘não tem problema. O importante é que vocês
vieram aqui’”, ressalta o padre.
X., de 14 anos, é uma das meninas
grávidas que perambulam pelas cracolândias. Ela e Y., de 17, se queixam do
abandono: “Só esse povo de igreja é que nos procura querendo conversa, e não
nos bater”, disse Y.Fonte: O
Dia
PREVENIR E
PRECISO
DROGAS NEM PENSAR
SE VOCÊ TEM ALGUÉM NESTA
SITUAÇÃO
PROCURE AJUDA AGORA
RIO NA PREVENÇÃO
CRACK NÃO DEIXE ESTA DROGA TE MATAR
ARQUIDIOCESE DO RIO DE
JANEIRO
PROCURE AJUDA AGORA
Pastoral da
Sobriedade Arquidiocese
De São Sebastião
do Rio de Janeiro
Atendimento
Psicológico
gratuito
para usuários de drogas e familiares.
Rua Pedro Calazans, 55 - Engenho Novo - RJ
3ª feira / 16h as 19h
Informações e agendamentos: (21) 3064-2748
Rua Pedro Calazans, 55 - Engenho Novo - RJ
3ª feira / 16h as 19h
Informações e agendamentos: (21) 3064-2748
Tadeu Araújo Faria
Coordenador Assessoria Católica de Fé e Política & Política com Fé
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com Fé Tadeu Araújo Faria
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