domingo, 7 de abril de 2013

Pesquisa sugere caminho para desenvolvimento de vacina contra Aids


Pesquisa sugere caminho para desenvolvimento de vacina contra Aids

Duilo Victor - O Globo

RIO- O vírus da Aids é conhecido por sua capacidade de driblar o mecanismo de defesa do corpo infectado, nosso sistema imunológico, modificando sua própria carga genética. Toda vez em que o organismo infectado produz um anticorpo para uma cepa X do HIV, o vírus se modifica e se torna uma espécie de versão X.1. Trata-se de uma guerra de gato e rato que, sem tratamento, leva tempo o suficiente para que o vírus se prolifere até provocar a morte do indivíduo.

Uma pesquisa liderada pela Universidade de Duke, nos EUA, acompanhou um voluntário africano desde os primeiros dias de sua infecção pelo HIV para descobrir, como num jogo de xadrez, quais são “as jogadas” do sistema imunológico e do vírus nesta batalha.

Depois de vários lances entre vírus e células humanas, os cientistas identificaram ao anticorpo humano CH103. De acordo com a pesquisa, publicada ontem na “Nature”, a descoberta do caminho até a produção deste anticorpo pode ajudar na produção de futuras vacinas contra o HIV.

A diferença do CH103 e os demais anticorpos é que este obriga o HIV a fazer uma mutação que, no fim das contas, deixa o vírus sem capacidade de prosseguir com a infecção. O problema é que, em condições naturais, quando o corpo humano chega a esta etapa da guerra - entre dois e quatro anos depois do primeiro contato com o HIV - a infecção já criou reservatórios de vírus pelo organismo para se proteger do contato de anticorpos, ou seja, a guerra já está ganha pela Aids.

São cerca de 100 jogadas do corpo humano, neste caso formações de anticorpos diferentes, até se chegar ao CH103, que foi capaz de neutralizar 55% das variações conhecidas do HIV. 

Existem literalmente milhões de pequenas mutações do vírus. Enquanto o vírus da gripe, considerado bastante mutante, consegue mudar de disfarce para invadir o corpo humano a cada ano, o HIV faz o mesmo nível de mudança a cada dia.

O estudo - que tem também pesquisadores de Stanford, Columbia e Universidade da Pensilvânia - mostra que apenas um em cada cinco infectados pelo vírus da Aids desenvolve o CH103. Conseguir manipular uma vacina que induza o corpo a criar o anticorpo é o caminho desejado pelos cientistas.

O grupo de pesquisadores pondera, no entanto, que uma possível vacina não é uma solução sozinha para a imunização contra a Aids, já que há os outros 45% de variações que não se afetam com o CH103 e quatro entre cinco pessoas que não a produz.
Mas saber os lances da batalha entre corpo humano e o vírus pode facilitar o desenvolvimento de vacinas que neutralizem outras variações que o anticorpo em questão não é capaz.

Cerca de 34 milhões de pessoas em todo o mundo têm o HIV. Todos os anos, outros 2,5 milhões são infectados. http://rionaprevencao.blogspot.com/ 




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